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domingo, 25 de abril de 2010

[Homenagem] Cora Coralina


Conclusões de Aninha



Estavam ali parados. Marido e mulher.Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roçatímida, humilde, sofrida.Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,e tudo que tinha dentro.Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar novo rancho e comprar suas pobrezinhas. O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula, entregou sem palavra.A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudarE não abriu a bolsa.Qual dos dois ajudou mais?Donde se infere que o homem ajuda sem participar e a mulher participa sem ajudar.Da mesma forma aquela sentença:"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscosoe ensinar a paciência do pescador.Você faria isso, Leitor?Antes que tudo isso se fizesseo desvalido não morreria de fome?Conclusão:Na prática, a teoria é outra.

Sintam a admiração do poeta, manifestada em carta dirigida a Cora em 1983:

"Minha querida amiga Cora Coralina: Seu "Vintém de Cobre" é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...)." Editado pela Universidade Federal de Goiás, em 1983, seu novo livro "Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha", é muito bem recebido pela crítica e pelos amantes da poesia. Em 1984, torna-se a primeira mulher a receber o Prêmio Juca Pato, como intelectual do ano de 1983. Viveu 96 anos, teve seis filhos, quinze netos e 19 bisnetos, foi doceira e membro efetivo de diversas entidades culturais, tendo recebido o título de doutora "Honoris Causa" pela Universidade Federal de Goiás. No dia 10 de abril de 1985, falece em Goiânia. Seu corpo é velado na Igreja do Rosário, ao lado da Casa Velha da Ponte. "Estórias da Casa Velha da Ponte" é lançado pela Global Editora. Postumamente, foram lançados os livros infantis "Os Meninos Verdes", em 1986, e "A Moeda de Ouro que um Pato Comeu", em 1997, e "O Tesouro da Casa Velha da Ponte", em 1989.
Texto extraído do livro "Vintém de cobre - Meias confissões de Aninha", Global Editora — São Paulo, 2001, pág. 174.

1 comentários:

Anônimo disse...

Lindo site...amo poesias

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